sábado, 10 de septiembre de 2011

Que é Anarquismo?

A palavra "anarquia" vem do grego, prefixo an (ou a), significando "não", "que não quer", "a ausencia de", ou "a falta de", mais archos, significando "um governo", "diretor", "chefe", "pessoa em um cargo", ou "autoridade". Ou, como Peter Kropotkin colocou, Anarquia vem de palavras gregas significando "contrario à autoridade". [Kropotkin's Revolutionary Pamphlets, p. 284]

Embora as palavras gregas anarchos e anarchia sejam tidas como significando "sem governo" ou "estando sem governo", anarquismo, pode ser interpretado, em seu significado estrito, original, simplesmente como "nenhum governo". "An-archy" significa "sem um governante", ou mais abrangente, "sem autoridade", e é nesse sentido que os anarquistas tem continuamente adotado a palavra. Por exemplo, encontramos Kropotkin arguindo que o anarquismo "ataca não apenas o capital, mas tambem todas as formas de poder do capitalismo: lei, autoridade, e o Estado". [Op. Cit., p. 150] Para anarquistas, anarquia significa "não necessariamente ausencia de ordem, como geralmente se supõe, mas ausencia de governo". [Benjamin Tucker, Instead of a Book, p. 13] Veja o excelente resumo de Hence David Weick:

"Anarquismo pode ser compreencido como uma ideia politica e social genérica que expressa negação de todo poder, soberania, dominação, e divisão hierárquica, e o desejo de sua dissolução. . . Anarquismo é portanto mais que anti-estatismo . . . o governo (estado) . . . é, apropriadamente, o foco central da crítica anarquista". [Reinventing Anarchy, p. 139]

Por esta razão, mesmo sendo anti-governo ou anti-estado, anarquismo é primariamente um movimento contra a hierarquia. Porque? Por que a hierarquia é a estrutura organizacional que encorpora a autoridade. Mesmo sendo o estado a "mais alta" forma de hierarquia, e os anarquistas serem, por definição, anti-estado; isto não define suficientemente o anarquismo. Os anarquistas verdadeiros se opõem a todas as formas hierárquicas de organização, não apenas o estado. Nas palavras de Brian Morris:

"O termo anarquia vem do Grego, e essencialmente significa 'sem governo'. Anarquistas são pessoas que rejeitam todas as formas de governo ou autoridade coercitiva, todas as formas de hierarquia e de dominação. Eles são portanto opostos àquilo que o anarquista mexicano Flores Magon chamou de 'trindade sombria' -- o estado, o capital e a igreja. Os anarquistas opõem-se tanto ao capitalismo quanto ao estado, da mesma forma que opõem-se a todas especie de autoridade religiosa. Mas anarquistas tambem buscam estabelecer ou realizar por varias maneiras, uma condição de anarquia, que é, uma sociedade descentralizada sem instituições coercitivas, uma sociedade organizada atraves de uma federação de associações voluntarias". ["Anthropology and Anarchism,"Anarchy: A Journal of Desire Armed, no. 45, p. 38]

A referencia à "hierarquia" neste contexto passa por um desenvolvimento -- os anarquistas "classicos" como Proudhon, Bakunin e Kropotkin não usaram essa palavra, mas raramente (eles usualmente preferiam "autoridade", que foi usada como resumo de "autoritario"). De qualquer foma, pelos seus escritos está claro que eles foram uma filosofia contra a hierarquia, contra qualquer desigualdade de poder e privilegios entre individuos. Bakunin se referia a isso quando atacou a autoridade "oficial" mas defendeu a "influencia natural" quando afirmou:
"Quer tornar impossível que alguem oprima seus companheiros? Então faça algo para que ninguem possua poder" [The Political Philosophy of Bakunin, p. 271]

Da mesma forma Jeff Draughn escreveu, "coisas como essas sempre fizeram parte latente dos 'projetos revolucionarios', apenas recentemente este conceito claro de anti-hierarquia afluiu para uma análise mais específica. Todavia, a raiz disto é plenamente visível na raiz da palavra grega 'anarquia'" [Between Anarchism and Libertarianism: Defining a New Movement]

Enfatizamos que esta oposição à hierarquia é, para anarquistas, não limitada apenas ao estado ou ao governo. Ela inclui toda economia autoritaria e relacionamento social tanto quanto politico, particularmente aqueles associados com a propriedade capitalista e trabalho assalariado. Isto pode ser visto no argumento de Proudhon de que "Capital . . . no campo político é análogo a governo . . . A idéia economica de capitalismo . . . [e] as políticas de governo ou de autoridade . . . [são] identicas . . . [e] ligadas de farias formas . . . Aquilo que o capital faz com o trabalho... o Estado [faz] com a liberdade . . ." [extraido de Max Nettlau, A Short History of Anarchism, pp. 43-44] Nesse sentido encontramos Emma Goldman opondo-se ao capitalismo inclusive por levar as pessoas a vender seu trabalho, resultando em que "a inclinação e o julgamento dos trabalhadores acabam subordinados à vontade do patrão". [Red Emma Speaks, p. 36] Quarenta anos antes Bakunin expressou o mesmo ponto de vista quando arguia que sob o corrente sistema "o trabalhadores vendem sua personalidade e sua liberdade pela doação de seu tempo" para o capitalista em troca de salario [Op. Cit., p. 187].

Deste modo "anarquia" significa mais que apenas "não governo", significa oposição a todas as formas de organização autoritaria e hierarquica. Nas palavras de Kropotkin, "à origem da concepção anarquista da sociedade . . . a critica . . . às organizações hierárquicas e às concepções autoritarias de sociedade; e . . . à analise das tendencias que são vistas nos progressivos movimentos da humanidade." [Kropotkin's Revolutionary Pamphlets, p. 158] Dessa forma, qualquer tentativa de afirmar que anarquia é puramente anti-estado é uma falsificação da palavra e da maneira como a tem sido usada pelo movimento anarquista. Conforme argui Brian Morris, "quando alguem examina os escritos dos anarquistas classicos . . . tanto quanto o carater do movimento anarquista . . . fica claramente evidente que eles nunca tiveram uma visão limitada [de apenas ser contra o estado]. Eles sempre se opuseram a todas as formas de autoridade e exploração, e foram igualmente críticos do capitalismo e da religião quanto o foram do estado". [Op. Cit., p. 40]

E, só para frisar o óbvio, a anarquia não significa caos nem faz os anarquistas gente que quer criar o caos e a desordem. Pelo contrario, queremos criar uma sociedade baseada na liberdade individual e na cooperação voluntaria. Em outras palavras, ordem desde abaixo, não desordem imposta de cima pelas autoridades.

Segundo Peter Kropotkin, Anarquismo é "um sistema de não governo socialista" [Kropotkin's Revolutionary Pamphlets, p. 46]. Em outras palavras, "a abolição da exploração e da opressão do homem pelo homem, que é a abolição da propriedade privada [i.e. capitalismo] e do governo". [Errico Malatesta, "Towards Anarchism," in Man!, M. Graham (Ed), p. 75]

Anarquismo, portanto, é uma teoria política que almeja criar uma sociedade que funciona sem hierarquias politicas, economicas ou sociais. Anarquistas defendem que a anarquia, a ausencia de governos, é uma forma viavel para um sistema social e que funciona maximizando a liberdade individual e da igualdade social. Eles vêem as metas de liberdade e igualdade como mutuamente auto relacionadas. Ou, no famoso dito de Bakunin:

"Estamos convencidos que liberdade sem Socialismo é privilegio e injustiça, e que Socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade". [The Political Philosophy of Bakunin, p. 269]

A historia da sociedade humana prova este ponto. Liberdade sem igualdade é apenas liberdade fpara o poderoso, e igualdade sem liberdade é impossivel e uma desculpa para a escravidão.

Embora existam muitos diferentes tipos de anarquismo (do anarquismo individualista ao comunismo anarquista), sempre houve dois pontos comuns entre todos eles -- a oposição ao governo e a oposição ao capitalismo. Nas palavras do individualista anarquista Benjamin Tucker, o anarquismo insiste "na abolição do Estado e na abolição da usura; em que nunca mais haja o governo do homem pelo homem, e que nunca mais haja a exploração do homem pelo homem". [Native American Anarchism - A Study of Left-Wing American Individualism por Eunice Schuster, p. 140] Todos os anarquistas visam lucro, vantagens e renda como usuarios (i.e. como exploração) mas se opõem à forma [exploração] como essas coisas são conquistadas da mesma maneira que se opõem ao governo e ao Estado.

Em termos gerais, nas palavras de L. Susan Brown, a "ligação unificadora" no anarquismo "é a condenação universal da hierarquia e da dominação e a disposição por lutar para a liberdade da individualidade humana". [The Politics of Individualism, p. 108] Para anarquistas, uma pessoa não pode ser livre se estiverem sujeitos ao estado ou à autoridade capitalista.

Portanto o Anarquismo é uma teoria política que defende a criação da anarquia, uma sociedade baseada no máximo de "não governantes". Para conseguir isto, "em comum com todos os socialistas, os anarquistas asseguram que a propriedade privada da terra, do capital, e do maquinário já teve seu tempo; e está condenada a desaparecer: e que todos os requisitos para a produção precisam, e serão, transformados em propriedade comum da sociedade, e serão administrados em comum pelos produtores da riqueza". E... eles sustentarão que o ideal na organização política da sociedade é alcançar uma condição onde o funcionamento do governo será reduzido ao mínimo. . . [e] que o desejo final da sociedade é a redução das funções do governo ao nível zero -- que é, para uma sociedade sem governo, tambem an-archy" [Peter Kropotkin, Op. Cit., p. 46]

Portanto, o anarquismo é tanto positivo quanto negativo, por ser ao mesmo tempo uma análise e uma crítica social a uma sociedade que nega aquilo que o homem necessita. Estas necessidades, apenas para citar as básicas, são liberdade, igualdade e solidariedade.
O anarquismo une analise crítica com esperança, conforme a afirmação de Bakunin, "a ansia por criar é a ansia por destruir". Impossivel construir uma sociedade melhor sem compreender o que há de errado com a atual.


Todos os ramos do anarquismo se opõem ao capitalismo. Isto porque o capitalismo baseia-se na opressão e na exploração . Anarquistas rejeitam a "noção de que os homens não podem trabalhar juntos sem que haja um senhor dirigente para tomar para si uma porcentagem do que é produzido" e pensam que em uma sociedade anarquista "os trabalhadores farão suas proprias regulamentações, decidirão quando, onde e como as coisas serão feitas". Apenas dessa forma os trabalhadores livrarão a si mesmos "da terrivel escravidão do capitalismo". [Voltairine de Cleyre, "Anarchism," pp. 30-34, Man!, M. Graham (Ed), p. 32, p. 34]

(É necessário enfatizar aqui que os anarquistas se opõem a toda e qualquer formula economica que esteja baseada na dominação e na exploração, incluindo feudalismo, "socialismo" estilo sovietico ou coisa parecida. Nos concentramos no capitalismo porque ele domina o mundo de hoje).

Individualistas como Benjamin Tucker da mesma forma que anarquistas sociais como Proudhon e Bakunin proclamaram a si mesmos "socialistas." Eles fizeram isso porque, como Kropotkin inseriu em seu clássico ensaio "Modern Science and Anarchism," "da mesma forma que o Socialismo foi incompreendido em seu vasto, generico, e verdadeiro sentido -- em seus esforços para abolir a exploração do Trabalho pelo Capital -- os Anarquistas marcharam lado a lado com os Socialistas daquele tempo". [Evolution and Environment, p. 81] Ou, nas palavras de Tucker, "a base do Socialismo [é] que o trabalho deveria ser posse de seu executor", uma exigencia em que "as duas escolas do pensamento Socialista. . . Socialismo de Estado e Anarquismo" concordam. [The Anarchist Reader, p. 144] Consequentemente a palavra "socialista" foi originalmente definida para incluir "todos aqueles que acreditam nos direitos individuais de possuir aquilo que ele ou ela produziu". [Lance Klafta, "Ayn Rand and the Perversion of Libertarianism," in Anarchy: A Journal of Desire Armed, no. 34] Esta oposição à exploração (ou usura) é compartilhada por todos os verdadeiros anarquistas e a colocam sob a bandeira socialista.

Para a maioria dos socialistas, "a única garantia de que não nos roubem os frutos de nosso trabalho é ter a posse dos instrumentos de trabalho". [Peter Kropotkin, The Conquest of Bread, p. 145] Por esta razão Proudhon, por exemplo, apoiava as cooperativas de trabalhadores, onde "cada participante na associação . . . tinha individualmente uma quota na propriedade da companhia" pela sua "participação em perdas e ganhos . . . a força coletiva [e.e. mais valia] deixava de ser uma fonte de lucros para um pequeno número de diretores: tornando-se propriedade de todos os trabalhadores". [The General Idea of the Revolution, p. 222 and p. 223] Dessa forma, em adição ao desejo de terminar com a exploração do trabalho pelo capital, os verdadeiros socialistas tambem desejam uma sociedade na qual os proprios produtores detenham e controlem os meios de produção. Os meios pelos quais os produtores farão isso é um foco de debates nos círculos anarquistas e socialistas, mas o desejo de chegar lá permanece comum. Os Anarquistas defendem o controle direto pelos trabalhadores. A posse seria controlada pelas associações de trabalhadores ou por comunas.

Alem disso, os anarquistas tambem rejeitam o capitalismo por ser tão autoritario quanto explorador.. Sob o capitalismo, os trabalhadores não governam a si mesmos durante o processo de produção nem tem controle sobre o produto de seu trabalho. Desta forma, em situações onde raramente prevalece uma base de igualdade para todos, a exploração não deixa de se fazer presente, e é a isso que se opõem os anarquistas. Esta perspectiva pode ser melhor explicada na obra de Proudhon (que inspiraram tanto Tucker como Bakunin) onde ele argui que o anarquismo significaria "a definitiva paralização da exploração por proprietários e capitalistas [e] a abolição do sistema de salarios" o fim de um sistema onde "cada trabalhador. . . é simplesmente o empregado do promotor-capitalista-proprietario; ou participante. . . No primeiro caso o trabalhador é subordinado, explorado: sua condição permanente é de obediencia. . . No segundo caso ele avilta sua dignidade enquanto homem e enquanto cidadão. . . fazendo parte de uma organização produtiva, na qual ele não passa de um escravo . . . nós precisamos sem exitar, pois não temos escolha. . . formar uma ASSOCIAÇÃO de trabalhadores. . . porque sem ela, permaneceriamos como subordinados ou superiores, e ali [na associação] se daria fim. . . aos senhores e aos trabalhadores assalariados, figuras repugnantes em uma sociedade democratica e livre". [Op. Cit., p. 233 e pp. 215-216]

Consequentemente todos os anarquistas são anti-capitalistas ("Se a riqueza produzida fosse de propriedade dos trabalhadores, o capitalismo não existiria" [Alexander Berkman, What is Communist Anarchism?, p. 37]). Benjamin Tucker, por exemplo -- o anarquista mais influenciado pelo liberalismo (conforme discutiremos depois) -- chamou suas ideias de "Socialismo Anarquista" e denunciou o capitalismo como um sistema baseado na "usura, na captação de juros, no aluguel e no lucro". Tucker assegurou que em uma sociedade anarquista, não capitalista, de livre mercado [socialista], os capitalistas se tornariam redundantes e a exploração do trabalho pelo capital cessaria, uma vez que "trabalho. . . significaria. . . seguramente seu salario natural, seu produto integral". [The Individualist Anarchists, p. 82 e p. 85] Assim, a economia seria baseada no apoio mutuo e na livre troca de produtos entre cooperados, artesãos e camponeses. Para Tucker, e para outros anarquistas Individualistas, o capitalismo não é um verdadeiro mercado livre, sendo regido por numerosas leis e monopolios que garantem que os capitalistas tenham vantagens sobre os trabalhadores, tirando vantagem pela exploração e garantindo o lucro, juros e renda . Até mesmo Max Stirner, o arqui-egoista, considerava a sociedade capitalista tão desprezivel quanto seus "fantasmas", a propriedade privada, a competição, a divisão do trabalho, e coisas semelhantes.

Assim, os anarquistas consideram a si mesmos como socialistas, mas socialistas de um tipo específico -- socialistas libertarios. Conforme o anarquista individualista Joseph A. Labadie explicitou (repetindo tanto Tucker quanto Bakunin):

"Dizem que Anarquismo não é socialismo. Isto é um erro. Anarquismo é Socialismo voluntario. Existem duas expécies de Socialismo, arquista e anarquista, autoritario e libertario, estatal e livre. Na verdade, cada proposição para um melhoramento social é feita para aumentar ou diminuir o poder de vontades e forças externas sobre o individuo. Quando elas aumentam são arquistas; quando elas diminuem são anarquistas". [Anarchism: What It Is and What It Is Not]

Labadie declarou em muitas ocasiões que "todos os anarquistas são socialistas, mas nem todos os socialistas são anarquistas". Nessa linha, Daniel Guerin comentou que "O Anarquismo é na realidade um sinônimo de socialismo. O anarquista é primariamente um socialista cuja meta é abolir a exploração do homem pelo homem" e isto ecoa atraves da historia do movimento anarquista, seja no plano social ou individual [Anarchism, p. 12]. Na verdade, o martir Adolph Fischer do Haymarket usou exatamente as mesmas palavras que Labadie para expressar o mesmo fato -- "cada anarquista é um socialista, mas cada socialista não é necessariamente um anarquista" -- reforçando a compreensão de que o movimento está "dividido em duas facções; os comunistas anarquistas e os Proudhon ou anarquistas classe-média". [The Autobiographies of the Haymarket Martyrs, p. 81]

Dessa forma, anarquistas sociais e individualistas discordam em muitos assuntos -- por exemplo, suponhamos que um não capitalista, dissesse que o mercado livre seria a melhro maneira de maximizar a liberdade -- eles combatem o capitalismo e se opõem à exploração e à opressão e concordam que uma sociedade anarquista precisa, por definição, ser baseada na associação, não no salario, no emprego. Apenas trabalhadores associados "diminuirão o poder de vontades e forças externas sobre os individuos" durante as horas de trabalho e que a autogestão do trabalho por aqueles que o executam é a essencia do real socialismo. Esta perspectiva pode ser vista nos argumentos de Joseph Labadie quando ele argumenta que o sindicato foi "um exemplo de conquista da liberdade pela associação" e que "sem o sindicato, o trabalhador é bem mais escravo de seu empregador do que com ele". [Different Phases of the Labour Question]

De qualquer modo, o significado das palavras mudam com o tempo. Hoje "socialismo" na maioria das vezes refere-se a socialismo de estado, um sistema que ao qual todos os anarquistas se opõem como uma negação à liberdade e aos ideais genuinos do socialismo. Todos os anarquistas concordam com a afirmação de Noam Chomsky neste assunto:

"Se por esquerda compreende-se 'Bolshevismo', então quero dissociar-me da esquerda. Lenin foi um dos maiores inimigos do socialismo". ["Anarchism, Marxism and Hope for the Future", Red and Black Revolution, no. 2]

O Anarquismo desenvolveu-se em constante oposiçao às ideias do Marxismo, social democracia e Leninismo. Muito tempo antes de Lenin subir ao poder, Mikhail Bakunin avisou aos seguidores de Marx contra a "burocracia vermelha" que instituiria "o pior de todos os governos despóticos" se as ideias socialistas estatais de Marx fossem mesmo colocadas em prática. De fato, a obra de Stirner, Proudhon e especialmete Bakunin todas elas preveram o horror do Socialismo de estado com grande precisão. Acrescente-se a isso que os anarquistas foram os primeiros e mais ardorosos criticos e opositores ao regime Bolshevik na Russia.

Não obstante, enquanto socialistas, os anarquistas compartilham de algumas ideias com alguns Marxistas (certamente com nenhum Leninista). Tanto Bakunin como Tucker aceitaram a análise e a crítica de Marx ao capitalismo tanto quanto sua teoria do trabalho e do valor. O proprio Marx foi profundamente influenciado pelo livro de Max Stirner The Ego and Its Own, que continha uma brilhante crítica àquilo que Marx chamou de comunismo "vulgar" que equivalia ao socialismo de estado. There have also been elementos do movimento Marxista se apropriando de visões muito semelhantes ao anarquismo social (particularmente o ramo anarco-sindicalista do anarquismo social) -- por exemplo, Anton Pannekoek, Rosa Luxembourg, Paul Mattick e outros, qye estão muito longe de Lenin. Karl Korsch e outros escreveram com simpatia acerca da revolução anarquista na Espanha. Há muita coesão entre Marx e Lenin, mas há tambem coesão entre Marx e muitos Marxistas libertarios, que teceram ásperas críticas contra Lenin e contra o Bolshevismo. As ideias de tais Marxistas libertarios se aproximam do ideal anarquista pela livre associação de iguais.

Consequentemente o anarquismo é basicamente uma forma de socialismo, que se coloca em oposição direta àquilo que usualmente se define como "socialism" (i.e. propriedade e controle estatal). Em vez de "planejamento central" que muitas pessoas associam com a palavra "socialismo", os anarquistas defendem a livre associação e cooperação entre individuos, agrupamentos de trabalhadores e comunidades, opondo-se ao socialismo de "estado" como uma forma de capitalismo de estado em que "cada homem [e mulher] será um assalariado, e o Estado o único pagador de salario". [Benjamin Tucker, The Individualist Anarchists, p. 81] Assim, a rejeição anarquista ao Marxismo (que a maioria das pessoas imagina como "socialismo") tanto quanto à "ideia do Capitalismo de Estado . . . que a fração Social-Democrata do grande Partido Socialista está agora tentando converter em Socialismo". [Peter Kropotkin, The Great French Revolution, p. 31]

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